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O Convento de Cristo, era uma vez uma maravilha

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No conjunto do evento Sete Maravilhas de Portugal, que teve lugar em 2007, editou-se com destino à população infantojuvenil um conto de Maria Oliveira da Silva com ilustração de André Laranjinha. Tudo irá começar quando Sofia se dirigiu no centro da Praça da República, em Tomar, a Dom Gualdim Pais, ela deu-lhe os bons dias e ele retribuiu.

Surpreendida por uma estátua falar, Dom Gualdim esclareceu: “A minha pessoa não acaba nestas pedras. Sou a minha memória e o princípio de uma história que não tem fim – a história dos Templários – e cuja alma ainda está viva em crianças corajosas como tu, que nunca desistem dos sonhos”. E conta-lhe a história dos Templários, e como a Ordem se transformou na de Cristo. Sofia no dia seguinte foi com a turma da escola visitar o Convento e aí se soube uma triste notícia: a estátua de Dom Gualdim e do Infante D. Henrique tinham desaparecido misteriosamente na noite anterior.

Sofia ficou desconcertada e começou a andar sem rumo pelos claustros, muito curiosa foi espreitando pelas fechaduras até que na cela nº 40 conseguiu ver a estátua de Dom Gualdim atada à parede. Dois homens que Sofia tinha visto na véspera a ouvir a conversa sobre os tesouros, enquanto ela ouvia atentamente Dom Gualdim, interrogavam a estátua para saber onde se encontravam tais riquezas.

As mesmas ameaças dirigiram à estátua do Infante D. Henrique, ou contavam o segredo ou acabavam desfeitas. Sofia vai chamar a polícia, os ladrões foram apanhados em flagrante, as estátuas salvas, voltaram aos seus lugares. E Sofia decidiu ir visitá-las, começou por Dom Gualdim que lhe disse que o Infante D. Henrique tinha algo para lhe contar. Ela lá foi correndo pela rua estreita, era dia de festa, as janelas das casas estavam enfeitadas com colchas de todas as cores, prontas para receber o célebre Cortejo dos Tabuleiros.

E Sofia começou a conversar com o Infante D. Henrique que logo lhe disse: “Quando nos salvaste dos ladrões, mostraste ter uma alma nobre e só assim se é capaz de desvendar o grande segredo dos Templários, o mesmo que eu encontrei há quase 600 anos atrás, deixado pelo nosso amigo Gualdim”. O Infante deu-lhe algumas pistas, Sofia chegou à Charola do Convento, tendo em atenção as instruções dadas pelo Infante: “Na zona nascente da Charola, há um pequeno buraco junto à base da coluna do lado esquerdo. Aí acharás o tesouro”. Identificado o esconderijo, Sofia sentiu o seu coração bater mais forte. Procurou com a mão e de lá retirou um finíssimo rolo de pele, no interior do qual estava guardado um documento muito antigo:

“Todo o que encontrar esta carta está destinado a grandes feitos. Apenas um coração puro poderá desvendar esta mensagem. Cabe-lhe perceber qual é o seu destino, em cada época da História. Há uma forma invisível que nos empurra e nos leva a fazer coisas que nunca imaginámos ser capazes, como humanos. É uma vontade que vem do fundo da alma, é acreditar que tudo é possível, se esse desejo partir do coração, cheio de coragem e de fé. Basta tu quereres e não quereres medo de ir em frente, que alcançarás o maior dos tesouros: o conhecimento de ti mesmo e do universo em teu redor, que te permitirá a reconstrução de um mundo melhor”.

O documento era assinado por Gualdim Pais com a data de junho de 1190 e o local de Tomar. Sofia logo se apercebeu que tinha sido esta carta a fonte de inspiração do Infante D. Henrique para se lançar à descoberta do mundo e dos oceanos. E assim finda o conto:

“Uma música alegre vinda algures lá de baixo da cidade, acordou Sofia dos seus pensamentos, convidando-a a participar na festa. A rapariga desceu até ao Centro Histórico e mergulhou pela multidão dentro, para assistir ao Cortejo dos Tabuleiros que acabava de começar. Choviam pétalas de flores por todo o lado. A procissão atravessava agora a Praça da República, passando pela estátua de Dom Gualdim. Foi a vez de Sofia lhe piscar o olho”.

Tratando-se de uma obra destinada a jovens, faz-se acompanhar de uma ficha onde se fala da palavra Tomar, da grande dimensão do Convento de Cristo (é equivalente a quatro campos de futebol juntos), das similitudes entre a Cruz dos Templários e a Cruz da Ordem de Cristo, fala-se da Janela do Capítulo, da Festa dos Tabuleiros e do brasão da cidade de Tomar (como não podia deixar de ser, com a história do Convento de Cristo, vê-se uma torre com a Cruz dos Templários e com a Cruz de Cristo sobre o monte cortado por um rio – o Nabão).

Este interessantíssimo conto faz-se acompanhar de um CD. Seria curioso saber se o conteúdo desta história é usado nos estabelecimentos de ensino com o objetivo de aproximar as crianças tomarenses do seu monumento fulcral.

Mário Beja Santos

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