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Região do Médio Tejo tem mais um importante Museu de Arte Contemporânea

Museu de Arte Contemporânea Charters de Almeida, instalado em Abrantes.

Foto: Antena Livre

João Charters de Almeida, escultor e artista plástico com obra reconhecida internacionalmente, tem uma ligação antiga com Abrantes, reforçada ao longo dos anos por convites para criar obras marcantes na cidade, como “Cidade Imaginária” (2009) e “Portas de Abrantes” (2016).

Em 2006, iniciou um protocolo com a Câmara Municipal de Abrantes para a doação de um vasto acervo da sua carreira, agora exposto no novo Museu de Arte Contemporânea Charters de Almeida (MAC), que foi inaugurado no passado dia 26 de abril de 2025, no requalificado Edifício Carneiro.

Momento do descerramento da placa alusiva à inauguração. Foto Antena Livre.

O Edifício Carneiro é um edifício histórico, construído em 1897 por Jacinto Carneiro e Silva, foi restaurado com apoio do programa Portugal 2020 num investimento de mais de 3 milhões de euros. O museu conta com 17 salas expositivas, auditório, loja e salas para exposições temporárias. O projeto arquitetónico foi assinado por Vítor Mestre, e a museografia valoriza a liberdade de circulação dos visitantes.

Da esq./direita: Isabel Damasceno, presidente da CCDR Centro; Manuel Valamatos, presidente da Câmara de Abrantes; Charters de Almeida e Mariazinha (esposa do artista). Foto: Antena Livre

A coleção de João Charters de Almeida, inclui esculturas, cerâmicas, tapeçarias, pinturas, desenhos, documentos e peças musicais, representando todas as fases da carreira do artista. O museu também homenageia a participação da esposa, Mariazinha, na crítica e apoio ao trabalho do escultor. No espaço adjacente foi criado um laboratório de restauro e investigação, com ligação ao ensino superior.

O artista e a esposa. Foto Antena Livre.

A inauguração foi marcada por um ambiente familiar e afetivo, o presidente da Câmara de Abrantes destacou a importância da cultura como motor de desenvolvimento para Abrantes. O MAC junta-se a outros espaços culturais da cidade, reforçando a identidade artística e patrimonial da região.

Pormenor de material exposto. Foto Antena Livre

O MAC junta-se ao Panteão dos Almeida [Igreja Santa Maria do Castelo], ao museu Metalúrgica Duarte Ferreira (Museu do Ano 2018), ao Museu Ibérico de Arqueologia e Arte (Museu do Ano 2023) e à galeria de arte quARTEl, que regressa às exposições de artistas locais e regionais nas Festas de Abrantes. A galeria, ou antigo quartel dos Bombeiros de Abrantes, serviu como laboratório de preparação das peças de Charters de Almeida, antes destes serem colocados no Edifício Carneiro.

Quem é João Charters de Almeida

D. João Charters de Almeida e Silva, 4.º conde da Baía e 3.º conde de Oliveira dos Arcos, nasceu na freguesia de S. Sebastião da Pedreira, em Lisboa, a 12 de julho de 1935. É filho de D. José Fernando Pais da Graça de Almeida e Silva, musicólogo, natural de Vagos (Aveiro), e de Maria Isabel de Sousa Charters de Azevedo, natural de Cortes (Leiria).

Frequentou a Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP) entre 1956 e 1962, tendo concluído o curso superior de Escultura em 1962 com a classificação de 20 valores. Nesta escola, foi discípulo de Salvador Barata Feyo (1899-1990) e participou nas exposições magnas escolares e nas exposições extraescolares.

Em 1961 foi nomeado professor do Ensino Técnico e no ano seguinte foi convidado a lecionar como professor assistente da ESBAP. Em 1971 era professor efetivo desta Escola. Em 1972 abandonou a docência para se dedicar em exclusivo ao trabalho de ateliê.

Netos de Charters de Almeida marcaram presença na cerimónia de inauguração, onde homenagearam o avô. Foto Antena Livre

Ao longo da sua carreira, Charters de Almeida explorou materiais diversos como o barro, o metal e o betão. Foi bolseiro de instituições nacionais e internacionais (Património Histórico e Artístico do Brasil, Fundação Calouste Gulbenkian, Ministério dos Negócios Estrangeiros, Portuguese Cultural Foundation – Rhode Island e Fullbright Hays Foundation) e recebeu o alto patrocínio de L’Association Française d’Action Artistique. Participou em dezenas de exposições, em Portugal e no estrangeiro, e ganhou onze prémios em concursos públicos, entre 1961 e 1970.

Novo MAC de Abrantes. Foto Antena Livre

Foi distinguido com os títulos de cidadão honorário do Senado de Rhode Island (1984) e de El Paso (1985), nos E.U.A; de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique (Portugal,1988), de Chevalier de l’Ordre des Arts et Lettres (França, 1988), de Officier de l’Ordre de Leopold du Royaume de Belgique (Bélgica, 1992) e de doutor honoris causa pela Faculdade de Arquitetura e Artes da Universidade Lusíada (2011) e pela Universidade de Lisboa (2013). Foram-lhe atribuídas a Medalha da Cidade de San Diego (E.U.A.,1988) e a Medalha de Mérito Cívico e Cultural da Câmara Municipal de Abrantes (1992).

A arte de Charters de Almeida encontra-se representada em museus e coleções privadas em Portugal, em vários países europeus, nos E.U.A., no Brasil, no Canadá e no Japão. Tem trabalhos de grande escala em espaços públicos portugueses, belgas, norte-americanos, canadianos e chineses.
Em 1989, o Monumento Evocativo dos Descobrimentos Portugueses, produzido em pareceria com o arquiteto João Santa-Rita para Rhode Island (E.U.A.), integrou a lista das 60 obras mais inovadoras de arte pública dos Estados Unidos da América.

Além do trabalho escultórico, fez cenografia e figurinos para o Ballet Gulbenkian e para o Teatro Nacional de S. Carlos. Fonte sobre vida e obra de Charters de Almeida https://sigarra.up.pt

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