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Em dia de aniversário, Barragem do Castelo do Bode e a sua albufeira são motivos de preocupação devido ao baixo nível de água

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A  Barragem de Castelo do Bode é uma das mais importantes barragens portuguesas. Inaugurada em 21 de janeiro de 1951, faz parte do conjunto de barragens da bacia do rio Zêzere, na região do Centro (Região das Beiras) e sub-região do Médio Tejo, em Portugal, tendo a montante a barragem da Bouçã. Situa-se nos limites dos concelhos de Tomar e Abrantes no distrito de Santarém. É uma das mais altas construções de Portugal.

A barragem de Castelo do Bode é utilizada para abastecimento de água, designadamente a Lisboa, produção de energia elétrica, defesa contras as cheia e atividades recreativas. É utilizada pelos adeptos de desportos como o windsurf, vela, remo, motonáutica e jet ski, bem como da pesca desportiva (truta, achigã, enguias e lagostim vermelho), wikipedia.

Hoje, a notícia que se destaca é a seca metereológica que esta grande albufeira com cerca de 60 quilómetros, que surgiu na sequência da construção da Barragem do Castelo do Bode, oferece em termos de reserva de água. Há muito que a sua cota de água não estava tão baixa. Um péssimo sinal, a manter-se assim.

Ambientalistas, agricultores e empresários turísticos revelaram hoje a sua preocupação com os baixos níveis de água na Albufeira do Castelo do Bode, tendo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) confirmado à Lusa que estão abaixo da média.

 

“Os níveis na Albufeira do Castelo do Bode estão abaixo da média devido ao facto de, no presente ano hidrológico, não ter ainda ocorrido precipitação significativa que permita repor os níveis de armazenamento após o verão”, disse à Lusa fonte oficial da APA, tendo assegurado não existir neste momento “qualquer risco de garantia no abastecimento público”, que, assegurou, “é prioritário”.

Abastecimento público não está em risco

A APA afirma estar “a acompanhar a situação” com os principais utilizadores no sentido de “promover um uso mais eficiente da água e a garantir a reserva de segurança” para o abastecimento público.

A Albufeira de Castelo de Bode, no distrito de Santarém, estende-se ao longo de 60 quilómetros, atravessa os concelhos de Abrantes, Ferreira do Zêzere, Figueiró dos Vinhos, Sardoal, Sertã, Tomar e Vila de Rei e abastece uma vasta região até Lisboa, abrangendo cerca de três milhões de consumidores.

Os baixos níveis de água estão a inquietar vários setores, que atribuem a situação à pouca chuva e à descarga das barragens para produção de energia.

Queixas das atividades náuticas e turísticas

“Não é só pela seca, mas também porque a água está a ser turbinada”, disse à Lusa o presidente da Associação dos Empresários de Turismo do Castelo do Bode (AETCB), tendo criticado a “falta de informação” e afirmado “não perceber por que motivo a EDP ou quem gere a barragem está a deixar ficar um nível tão baixo que prejudica claramente a atividade turística” e as atividades náuticas.

Segundo Jorge Rodrigues, “a quota de água de Castelo do Bode está num nível extraordinariamente baixo” e, “a continuar assim”, os operadores turísticos podem ficar com as suas “atividades comprometidas” para a época de verão.

“Não há memória de se ver assim um nível tão baixo na barragem e preocupa-nos que ninguém explique às pessoas o que vai acontecer. Devia de haver um pouco mais de informação e de, na nossa opinião, melhor gestão do recurso da água”, vincou.

ProTejo critica gestão das hidroelétricas

Afirmando estar preocupado com os impactos na fauna, flora e biodiversidade ribeirinha, Paulo Constantino, do Movimento pelo Tejo – proTEJO, defendeu a importância da “preservação e salvaguarda dos ecossistemas para criar, regenerar, purificar, criar e reter água”, tendo relacionado a atual situação com as “alterações climáticas e redução dos níveis de precipitação, a par das descargas das hidroelétricas”, portuguesas e espanholas.

“Um dos problemas é que, efetivamente, as hidrelétricas não olham a meios para maximizar os seus lucros e vão debitando água ao seu ritmo”, afirmou Paulo Constantino, tendo feito notar que, “se tivessem sido mantidas mais reservas, com certeza que se conseguiria fazer face a anos hidrológicos em que exista menos precipitação e, portanto, equilibrar e permitir ter água de forma estratégica nas alturas em que ela é necessária”.

Questionada se confirma, neste cenário de seca meteorológica, as descargas da EDP para produção de energia, a APA disse que “a situação está a ser acompanhada pela APA, Direção-Geral de Energia e Geologia, REN – Redes Energéticas Nacionais e produtores de energia hidroelétrica”.

Culturas agrícolas em risco

A Associação de Agricultores de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação, no distrito de Santarém, disse à Lusa que a falta de chuva “pode pôr em causa as culturas de outono/inverno, nomeadamente os trigos, as aveias e as cevadas” e “também as pastagens que alimentam o gado, começando a haver problemas com falta de alimento” para os animais.

“O setor hortícola é aquele que mais depende da água e está a regar as culturas nesta altura, o que não é costume”, notou Luís Damas, tendo alertado que, “a continuar assim, a situação ficará crítica em março ou abril, quando a água começar a faltar, sendo que o problema se coloca também a longo prazo, pois são quase inexistentes os sistemas de regadio que forneçam e distribuam água” pelas explorações.

85% do território nacional em seca meteorológica

De acordo com o IPMA cerca de 85% do território no final de dezembro estava em seca meteorológica. A avaliação hidrológica que semanalmente é realizada ilustra que os armazenamentos nas albufeiras a nível nacional estão abaixo da média exceto nas bacias do Douro, Vouga, Guadiana e Arade.

APA reunião comissão de gestão de albufeiras

Tendo em conta as preocupações de agricultores, ambientalistas e empresários turísticos de Castelo do Bode, a APA, que diz ter já “programada uma reunião da Comissão de Gestão de Albufeiras”, entende ser preciso “realizar uma gestão que permita garantir os usos prioritários e a manutenção dos ecossistemas aquáticos na albufeira e a jusante”, tendo destacado a necessidade de “aumentar a eficiência e a poupança” da água.

“Os efeitos das alterações climáticas fazem-se sentir cada vez com maior intensidade e, como se verifica, não basta construir barragens, é preciso que estas encham pelo que a aposta tem de ser sobretudo na eficiência, na utilização de águas para reutilização, diminuindo os volumes de água natural captados”, conclui.

C/Lusa

 

 

 

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