O campeonato desta temporada, ainda na sua fase inicial, parece oferecer um grande desafio a qualquer tentativa de prognóstico, sucedendo-se os imprevistos, com a classificação a sofrer nova guinada. Mesmo que possa ter sido apenas um percalço no caminho que se projecta para a equipa do Mação (porventura análogo à que acabaria por ser a única derrota sofrida pelo Ferreira do Zêzere no campeonato anterior, precisamente ante o seu mais directo rival, Samora Correia), a verdade é que os maçaenses foram surpreendidos, sendo desfeiteados, no seu próprio reduto, pelo Torres Novas, que, sensacionalmente, lhes arrebatou a liderança.
Quem haveria de dizer que, após a conclusão da 5.ª jornada, o Águias de Alpiarça estaria igualado pontualmente com o Mação (partilhando, agora, o 2.º posto)? Ou que o Porto Alto (4.º) estaria só um ponto abaixo? Assim como, por seu turno, que, depois de seis pontos perdidos nas três primeiras rondas, o Fazendense necessitaria de tão pouco tempo para recolar, afinal, apenas com três pontos de desvantagem face aos maçaenses? E, pela parte dos tomarenses, que vinham de uma vitória, por goleada (4-0), e que até recebiam o penúltimo classificado, que chegava a Tomar vindo de uma goleada (0-5) sofrida em casa, quem esperaria o desaire que acabou por suceder?
Destaques – Em mais uma jornada ingrata para os visitados (outra vez, pela segunda semana seguida, com cinco triunfos dos forasteiros – sendo que, desta vez, apenas dois dos anfitriões lograram vencer), o principal destaque vai, necessariamente, para o embate entre os dois primeiros classificados, e para o notável triunfo arrancado pelo Torres Novas em Mação, e, mais, por 2-0, tentos apontados, logo a abrir, aos cinco minutos, e, no segundo tempo, próximo da hora de jogo.
Até então com uma fantástica média de mais de quatro golos marcados por jogo (total de 17, em quatro rondas), os maçaenses revelaram-se impotentes para superar a sólida defensiva torrejana, que segue somente com um golo sofrido (por acaso, um auto-golo, no jogo com o Pontével).
Em evidência esteve também o Abrantes e Benfica, com uma inesperada vitória, e por números robustos, em Coruche, goleando por 4-1, passando já a repartir a 7.ª posição com o U. Tomar e Pontével. O grupo do Sorraia até começou por inaugurar o marcador, bem cedo, ainda dentro dos dez primeiros minutos, mas uma expulsão, seguida de grande penalidade, apenas dez minutos depois, espoletaria a “débâcle”. Os abrantinos consumaram a reviravolta antes do intervalo; no segundo tempo, outra expulsão da turma visitada, e, mais tarde, segundo “penalty” contra, faria aumentar a contagem até aos 4-1, com os dois últimos tentos de rajada, a seis minutos do fim.
Não é que – atendendo ao que ambos os conjuntos têm vindo a apresentar – não fosse esperada a vitória do Porto Alto, na recepção ao At. Riachense, mas os donos da casa não desperdiçaram a oportunidade de aplicar retumbante goleada, por 7-0, no que, em paralelo, se traduz na terceira goleada sucessiva sofrida pelo clube dos Riachos (segunda por 7-0), acumulando 18 golos sofridos em três encontros, isto depois de até ter arrancado a prova com dois promissores empates.
Surpresas – O desfecho mais imprevisto terá sido, ainda assim, o que se registou em Tomar, onde o União deu um passo atrás, perdendo por 1-2 com o Entroncamento AC. Numa partida não muito bem jogada, registaram-se, não obstante, várias oportunidades na primeira metade, não materializadas por má definição e por boas intervenções de ambos os guardiões.
Com a equipa unionista talvez a deixar transparecer algum excesso de confiança, perante um adversário que, todavia, se viria a revelar mais agressivo e intenso, o activo seria aberto logo no segundo minuto da etapa complementar, pelos visitantes. Durante todo o tempo restante de jogo, os tomarenses mostraram-se algo precipitados, a jogar mais com o coração do que com a cabeça, só no penúltimo minuto conseguindo chegar ao golo. Pensou-se que poderia haver ainda tempo para aproveitar o facto de a turma adversária estar esgotada fisicamente, mas, contra as expectativas, seriam os homens da cidade ferroviária a marcar de novo, já em tempo de compensação (quarto jogo do União a sofrer golo na recta final), arrancando um precioso triunfo.
Também surpreendente foi a vitória averbada pelo Pontével (que, nas quatro primeiras jornadas, só conseguira bater, precisamente, o Entroncamento AC, logo na estreia) no reduto dos Amiais de Baixo, igualmente por 2-1. Os forasteiros marcaram primeiro, de grande penalidade, ao nono minuto, tendo-se visto em inferioridade numérica ainda antes de decorrida meia hora de jogo. O Amiense restabeleceu a igualdade pouco antes do termo do primeiro tempo, sendo expectável que pudesse beneficiar do facto de jogar mais de 65 minutos com mais um elemento. Contudo, também neste caso os visitantes conseguiriam somar os três pontos, com um golo ao cair do pano.
Confirmações – O grupo do Águias de Alpiarça soma e segue, ampliando para quatro a sua assinalável série de vitórias consecutivas, que lhe conferem, por ora, um brilhante 2.º lugar na tabela, a par do favorito Mação. Os alpiarcenses impuseram-se, em casa, ao Alcanenense, ganhando por 2-1, noutro desafio em que os derrotados tiveram dois jogadores expulsos, de uma assentada, nos descontos da primeira parte, tendo os locais marcado na conversão de um “penalty”. A jogar nove contra onze, a turma de Alcanena conseguiu ainda o impensável: empatar o jogo; mas acabaria por não resistir, sofrendo o segundo tento à entrada do último quarto de hora.
O Fazendense cumpriu o seu papel, indo ganhar ao terreno do Tramagal (que subsiste sem se estrear a pontuar, somando quinto desaire sucessivo), mas a surpresa esteves prestes a acontecer, apenas um solitário golo, já no minuto noventa, tendo proporcionado a vitória aos visitantes.
Em Ourém, o Cartaxo ofereceu outro recital de golos marcados… e sofridos, voltando a empatar a três bolas, ante o At. Ouriense, tal como acontecera em Tomar. Em cinco jogos realizados, os cartaxeiros ganharam uma vez por 3-2, empataram por duas ocasiões a 3-3, e perderam noutras duas vezes por 2-3 – totalizando, pois, 13 golos marcados e 14 sofridos! Desta feita, depois de estarem em desvantagem por 1-0 e por 3-1, chegariam à igualdade com dois tentos nos derradeiros cinco minutos. Após um ciclo de três vitórias a abrir, o At. Ouriense voltou a ceder pontos.
Liga 3 – O U. Santarém antecipara para o mês de Setembro o jogo ante o Caldas, pelo que “folgou” no passado fim-de-semana, assinalado pelos triunfos da Académica (2-0 em Évora, face ao Lusitano), Belenenses (3-0 ao Sp. Covilhã) e Atlético (4-0 ao 1.º Dezembro). Após a disputa de sete rondas, o Caldas comanda com 14 pontos, seguido por Belenenses (13), Académica e Mafra (12). Os escalabitanos, registando oito pontos, posicionam-se no 7.º lugar.
Campeonato de Portugal – Também esta prova esteve sofreu interregno no que respeita ao seu curso regular, tendo o domingo sido aproveitado para recuperar jogos em atraso. À sexta jornada, Fátima e Samora Correia situam-se, ambos, abaixo da “linha de água”, no 11.º e 12.º posto.
II Divisão Distrital – Teve início esta competição, tendo a ronda inaugural ficado assinalada por várias goleadas, ainda para mais, obtidas fora de casa, que deixam antever algum receio quanto à competitividade deste campeonato, dado o desnível de potencial entre os clubes envolvidos.
Espinheirense (ganhando por estrondoso 8-0 em Alferrarede), Caxarias (7-1 em Abrantes, ante a equipa “B” local), Moçarriense (6-1 em Benfica do Ribatejo) e Samora Correia “B” (vencedor, igualmente por 6-1 frente ao Rebocho) deram as notas de maior realce, anotando-se ainda os categóricos triunfos (ambos por 3-0) do Ouriquense em Rio Maior e do Vasco da Gama na Atalaia. O Ferreira do Zêzere teve um “arranque em falso”, batido (1-2) no seu terreno pelo Pego.
Antevisão – Na 6.ª jornada da I Divisão as atenções estarão focadas, especialmente, no clássico do futebol distrital (Torres Novas-U. Tomar), mas, também, no Fazendense-Coruchense e no Pontével-Mação. No escalão secundário destacam-se os desafios Marinhais-Benavente, Ouriquense-Forense, Samora Correia “B”-Glória do Ribatejo e Caxarias-Ferreira do Zêzere. A Liga 3 e o Campeonato de Portugal voltam a estar em pausa, a pretexto de mais uma eliminatória (1/32 avos de final) da Taça de Portugal, já sem qualquer emblema em representação do Distrito.
Leonel Vicente