A população de Asseiceira regista com tristeza a falta de água naquela que é um ícone da terra, a Fonte de Asseiceira. Reza a história que a ” freguesia de Asseiceira, conhecida como a “pérola do concelho de Tomar”, desenvolveu‑se ao redor de uma fonte natural (“salgueiral”) que abastecia viajantes na via romana entre Santarém (Scalabis) e Penela.
No tempo que não havia água canalizada, ou abastecimento público, a fonte era o garante do fornecimento de água para muitas casas do lugar. Até há muito pouco tempo vinham pessoas de várias localidades da região encher aqui garrafões, cuja água era utilizada só para beber por ser considerada “mais leve” e saborosa comparada à água da torneira.
Contundo, há uns anos a esta parte, chega-se ao mês de junho/julho a água deixa de correr na bica da fonte. Apesar dos esforços da Junta de Freguesia que já ali gastou largas centenas de euros para repor a água, na verdade os esforços têm-se mostrado infrutíferos.
Segundo Carlos Rodrigues, presidente da Junta de Freguesia da Asseiceira, não consegue resolver a situação, a nascente perdeu caudal. Há quem aponte algumas justificações, como a possível a construção de furos nas redondezas, mas na verdade não se sabe ao certo, qual o motivo real desta escassez de água, no Verão. Com as chuvas do Inverno, a água volta a correr.
Carlos Rodrigues diz ainda que, infelizmente, os Invernos já não são o que eram, e apesar do último Inverno ter sido um pouco mais chuvoso, não foi suficiente para “fazer rebentar as nascentes” como antigamente.
No entanto, a Fonte da Asseiceira continua a ser um marco histórico, que os mais velhos recordam, os namoricos junto à fonte, quando as moças iam à fonte com o seu cântaro. Em sua honra nasceu também o Rancho Folclórico “As Lavadeiras da Asseiceira”, mulheres que outrora sustentavam os filhos com as cargas de roupa que lavavam para fora. E tudo se passava junto à fonte, quando a água era abundante e corria cristalina durante a toda noite e dia.
Hoje, o recinto com tanque comunitário, onde já não se vê lavadeiras, nem “rapazes à espreita” das moças, está bem cuidado, e será sempre um testemunho histórico, do tempo dos nossos avós, e da vida comunitária que por ali passava.
Quanto à água, esperemos pelo próximo Inverno.
Isabel Miliciano