Tomar: Município envia retábulo da igreja de Santa Iria para restauro no IPT
O Município de Tomar está a proceder à conservação e restauro do retábulo de pedra da capela dos Valle, que faz parte da igreja de Santa Iria, espaço umbilicalmente ligado à lenda da padroeira que se evoca no próximo domingo. Esta intervenção surge na continuidade daquelas que a autarquia tem desenvolvido na valorização do património cultural e monumental do concelho, de que a igreja de S. João Baptista foi uma das obras recentes de maior evidência.
A capela dos Valle situa-se no interior da igreja de Santa Iria, sendo um espaço retangular dominado pelo Retábulo da Crucificação, da autoria de João de Ruão, executado em pedra calcária clara e homogénea, usualmente conhecida como pedra de Ançã.
O seu valor cultural foi reconhecido pela classificação em 1920 como monumento nacional, em conjunto com o portal pelo qual se acede à capela e a abóbada oitavada no seu teto. A igreja de Santa Iria no seu todo seria classificada como imóvel de interesse público em 1946.
Preocupado com o acelerado estado de deterioração do retábulo, não obstante se tratar de um imóvel de propriedade privada, o Município, em estreita colaboração com os seus proprietários, solicitou ao Instituto Politécnico de Tomar o apoio para a execução dos trabalhos, através do seu Laboratório de Conservação e Restauro.
Assim, o professor Fernando Costa e a técnica de conservação e restauro Maria Júlia Fonseca procederam à elaboração de um relatório prévio da intervenção a efetuar e respetivo plano de manutenção, o qual foi submetido à aprovação do Instituto do Património Cultural.
Para a realização da intervenção, o Município contratou uma empresa da especialidade (CaCo3), pelo valor de 8.900 €, a qual procedeu à desmontagem das várias pedras que constituem o retábulo e as transportou para o Convento de Cristo, onde funciona o laboratório de restauro de materiais pétreos do IPT. Durante vários meses, o laboratório vai agora proceder, após a limpeza superficial a seco, ao tratamento por imersão em água desionizada, o qual visa a eliminação ou diminuição substancial dos sais presentes no sistema poroso da rocha, através de diversos ciclos e renovação da água.
Estimando-se que este processo possa durar vários meses, e de forma a permitir aos visitantes da igreja uma visualização do retábulo removido, será instalada no local uma tela com fotografia impressa do mesmo.
Fonte: CMT