No passado mês de maio chegou a notícia da decisão final sobre o novo aeroporto para Lisboa: Campo de Tiro de Alcochete. Embora tenha essa designação, este fica maioritariamente localizado na freguesia de Samora Correia, no concelho de Benavente (distrito de Santarém).
Segundo o Governo, essa obra implicará ainda a construção de uma terceira travessia sobre o Tejo (Eixo Chelas-Barreiro) e a ligação ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e Porto e Lisboa e Madrid.
Imediatamente a esse anúncio surgiram vozes críticas à localização selecionada, nomeadamente daqueles que defendiam a solução Santarém.
Neste âmbito, já em 2023 a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo, as comunidades intermunicipais das regiões de Leiria, de Coimbra e da Beira Baixa assumiram uma posição pública conjunta na defesa da escolha de Santarém, considerando que esta opção promovia uma melhor coesão territorial.
No que diz respeito a Tomar, sem dúvida, que Santarém seria a solução ideal. No entanto, estando o facto finalmente consumado temos que olhar para o futuro e para as oportunidades que daqui poderão advir, que são em minha opinião várias.
Desde logo a necessidade (diria até obrigatoriedade) da conclusão da autoestrada A13 que liga Coimbra a Marateca, nomeadamente o troço em falta entre Almeirim e Vila Nova da Barquinha. Esta obra implica, finalmente, a construção de uma nova ponte sobre o Tejo na zona da Chamusca e Golegã.
A conclusão da A13, conjugada com a transformação do IP3 entre Coimbra e Viseu, previsto para 2027, irá possibilitar um percurso contínuo em autoestrada deste o extremo norte de Portugal, junto a Chaves (A24) até ao Algarve (A22), sempre pelo interior do país. Sendo desta forma um ponto de passagem (mas também de chegada) a todos aqueles que vêm do norte do país para o Alentejo e Algarve, beneficiando toda a região do Médio Tejo e Pinhal interior e, consequentemente, Tomar.
Com esta infraestrutura em funcionamento Tomar ficará a cerca de uma hora no novo aeroporto, a pouco mais de 120 km de distância.
A nossa região poderá beneficiar do seu posicionamento estratégico para instalação de diversas empresas, nomeadamente do setor da logística e distribuição, tal como já acontece na parte sul do distrito de Santarém, fora da área metropolitana de Lisboa.
Complementando este desenvolvimento a sul de Tomar, com o que se irá desenhar a norte, o potencial poderá ser ainda maior.
Com efeito, com o aproveitamento do projeto de metro de superfície entre a projetada estação de Leiria da alta velocidade e a cidade de Fátima, com a desejável ligação de Fátima ao Ramal de Tomar, a nossa cidade recuperaria a sua importância estratégica no centro do país, tal como teve na primeira metade do século XX.
A próxima década afigura-se decisiva. Terá que ser de afirmação para Tomar.
As oportunidades estão em cima da mesa, cabe aos responsáveis políticos saber agarrá-las.
Alexandre Horta