U. Tomar arranca na liderança

Por Leonel Vicente

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Na ronda inaugural do Distrital da I Divisão, a equipa do União de Tomar surpreendeu a do Abrantes e Benfica, desforrando-se do desaire sofrido há cerca de cinco meses, obtendo uma inesperada goleada, o que, por ora, posiciona a turma nabantina no topo da tabela classificativa.

Pulsar do Campeonato
Foto: João Flores

No regresso do principal escalão do futebol distrital, esta temporada com a particularidade de não contar com nenhum dos dois primeiros classificados do último campeonato (tendo o vice-campeão, Samora Correia, sido promovido ao Campeonato de Portugal; enquanto o Campeão, Ferreira do Zêzere, foi administrativamente despromovido à II Divisão Distrital, por ter abdicado da subida), e numa jornada em que o equilíbrio foi nota dominante, com resultados tangenciais, assinala-se que só o Torres Novas manteve a sua baliza inviolada, tendo, correspondentemente, o Águias de Alpiarça sido a única equipa a ficar “em branco”.

De entre os 16 concorrentes, apenas quatro (Amiense, Cartaxo, Fazendense e Torres Novas) são totalistas nas últimas doze épocas, com presença ininterrupta na I Divisão desde (pelo menos) 2014-15; nesse período o Coruchense não participou em quatro edições do Distrital, dado ter disputado o Campeonato de Portugal, tendo Mação e U. Tomar participado nessa prova uma vez.

Em função da despromoção do Ferreira do Zêzere, foram quatro os promovidos da II Divisão Distrital, tendo deixado boas indicações na ronda de estreia: o Campeão, Porto Alto (regresso após treze anos de ausência), e o finalista, Tramagal (colocando termo a um longo interregno de 18 anos); o Pontével (após dez anos) e o At. Riachense (“repescado”, beneficiando da sanção aplicada ao emblema ferreirense, por curiosidade uma penalização que fora adoptada no regulamento de provas, precisamente devido ao facto de o clube dos Riachos ter abdicado da subida aos Nacionais no ano de 2009) – sendo que apenas os tramagalenses não lograram pontuar.

Destaques

A primeira nota de realce vai para a goleada averbada pelo U. Tomar, derrotando o Abrantes e Benfica por 4-1. Um desfecho que traduz grande eficácia da formação tomarense, que começara por ter a “sorte” do jogo em dois momentos, com uma bola que embateu nos ferros da sua baliza, e com uma grande penalidade, também desperdiçada pelos abrantinos.

Tendo o nulo no marcador subsistido até ao intervalo, na segunda metade, dois tentos de Wemerson Silva, apontados em pouco mais de dois minutos – conferindo ao avançado unionista, agora com um total de 91 golos marcados ao serviço do clube, a 2.ª posição na lista dos melhores marcadores de sempre do União, tendo superado a marca de 90 golos alcançada por Bolota (este, sobretudo, em jogos da I e da II Divisão nacional), apenas abaixo do registo obtido por Ferreira, único a ultrapassar a centena de golos – praticamente sentenciaram o desfecho da partida.

Com a turma abrantina sem conseguir encontrar antídoto para contrariar a mobilidade do jogo contrário, o “placard” subiria até aos 4-0, tendo os visitantes apontado o ponto de honra já em período de compensação. Uma excelente entrada em prova dos nabantinos, mas que, com um novo grupo em construção, integrando um lote de jogadores muito jovens, obviamente deverão “manter os pés no chão”, sem deslumbramentos, numa caminhada longa como é este campeonato.

Em destaque estiveram também o Cartaxo e o Torres Novas, únicos visitantes a vencer. Os cartaxeiros, deslocando-se ao reduto dos Amiais de Baixo – por singular curiosidade, na quarta vez, em anos recentes, em que os dois emblemas se defrontam na 1.ª jornada do campeonato (depois das épocas de 2016-17, 2022-23 e 2024-25) –, beneficiando de o Amiense ter visto o seu guarda-redes expulso logo nos minutos iniciais, ganharam por 3-2, tendo chegado a dispor de vantagem de três golos, vindo a consentir os tentos dos visitados nos derradeiros cinco minutos.

Quanto aos torrejanos, repetiram os triunfos alcançados nas duas visitas anteriores a Alpiarça, em 2023 e 2024, mas, desta feita, tendo sido uma vitória “arrancada a ferros”, na conversão de uma grande penalidade, já em período de compensação, para lá dos noventa minutos regulamentares.

No “jogo-grande” da jornada, colocando frente-a-frente dois dos principais candidatos, o Mação levou a melhor sobre o Fazendense, impondo-se por tangencial 2-1. Num confronto entre dois dos clubes com melhor desempenho histórico na última década, sempre posicionados nos oito primeiros lugares da classificação, os maçaenses – agora reforçados com a equipa técnica, comandada por Mário Nelson, e vários dos jogadores que, na temporada finda, se sagraram Campeões Distritais, em representação do Ferreira do Zêzere – colocaram-se em vantagem no início do segundo tempo, cederam ainda o tento do empate, mas acabariam por superiorizar-se.

Surpresas

Numa fase inicial, em que são escassos os elementos que permitam aquilatar do real potencial de cada um dos concorrentes, anotam-se, ainda assim, os resultados positivos averbados por três dos recém-promovidos à divisão principal: Porto Alto, At. Riachense e Pontével.

O emblema do Porto Alto, recebendo outro dos principais candidatos, Coruchense – que concluiu o campeonato no 1.º lugar por três vezes nos últimos anos (em 2015, 2017 e 2021), para além de ter ficado, nas restantes épocas, na 2.ª, 3.ª, 4.ª e 5.ª posição –, surpreendeu, com a igualdade a uma bola, tendo, aliás, marcado o primeiro tento da prova, apenas nos derradeiros instantes consentindo o golo que permitiu à turma do Sorraia pontuar.

Quanto ao At. Riachense, de visita a Alcanena, num “quase derby”, arrancou também um empate (2-2), depois de ter, igualmente, aberto o activo; os locais ainda chegaram a operar a reviravolta, mas viriam a ceder o tento da igualdade (bis de Pedro Ferreira) já em tempo adicional.

Melhor fez o Pontével, tirando partido do factor casa, ganhando por 2-1 ao Entroncamento AC – equipa que, de forma sensacional, vencera todos os seus últimos seis jogos do campeonato precedente. Neste encontro, os anfitriões chegaram a vantagem de dois golos, tendo, curiosamente, ambos os tentos sido marcados na própria baliza. O conjunto da cidade ferroviária reduziu para a diferença mínima logo a abrir a segunda parte, mas não conseguiria evitar a derrota.

Confirmação

No outro desafio em que estava envolvido um clube promovido, entre o At. Ouriense e o Tramagal, os tramagalenses começaram também por surpreender, marcando primeiro, tendo os homens de Ourém virado o resultado para 2-1, antes de os visitantes chegarem ainda ao empate a duas bolas; não teriam, porém, capacidade para responder ao terceiro golo dos donos da casa, apenas dois minutos volvidos, fixando o marcador em 3-2 para a turma de Ourém.

Liga 3

Após a disputa das quatro primeiras jornadas, o U. Santarém soma escassos quatro pontos (fruto de uma vitória e de um empate), ocupando o 8.º (antepenúltimo) posto, numa série, para já, muito equilibrada. No Domingo os escalabitanos sofreram convincente derrota, por 3-0, no terreno do Amora (um dos actuais vice-líderes, três pontos acima).

Campeonato de Portugal

Também com quatro rondas disputadas (mas vários jogos em atraso), não está a ser muito auspicioso o arranque dos representantes do Distrito: o Fátima (com um único ponto obtido em três jogos) ocupa a penúltima posição (13.º), tendo sido derrotado pelo Oliveira do Hospital, por 2-0; por seu turno, o Samora Correia regista desempenho análogo ao do U. Santarém, sendo 9.º (último acima da “linha de água”), tendo perdido em Peniche por 1-0.

Antevisão

Na 2.ª jornada do Distrital destaca-se o Cartaxo-Mação. O U. Tomar deslocar-se-á a Fazendas de Almeirim, mas apenas na quarta-feira, dia 24 de Setembro, dado que o Fazendense jogará, no fim-de-semana, para a 2.ª eliminatória da Taça de Portugal, recebendo o Mirandela (Campeonato de Portugal). As equipas do U. Santarém e do Fátima deslocam-se, respectivamente, a Amarante e às Caldas da Rainha, para defrontar dois grupos que militam na Liga 3.

Quedaram-se pela 1.ª ronda da Taça o Ferreira do Zêzere (goleado por 8-0 em Peniche) e o Samora Correia (afastado no desempate da marca de grande penalidade, na Marinha Grande, depois de empate a um golo) – Fátima, Fazendense e U. Santarém haviam, então, ficado isentos por sorteio.

Leonel Vicente

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