DataCenter em Abrantes gera críticas da AD e da CDU e acusam autarca de eleitoralismo
Apesar das diferenças de linguagem e enfoque, tanto a AD como a CDU convergem nas críticas à condução do processo.
O anúncio da possível instalação de um DataCenter em Abrantes, num investimento estimado em 7 mil milhões de euros e com promessa de criação de 400 postos de trabalho diretos, continua a marcar o debate político local. Depois da apresentação pública feita pelo presidente da Câmara Municipal, Manuel Jorge Valamatos (PS), tanto a Aliança Democrática (AD) como a CDU vieram a público contestar a forma como o processo tem sido conduzido.
A AD de Abrantes, Coligação do PSD e o CDS-PP, sublinha que um investimento desta dimensão seria “importante para Abrantes e para a região”, mas alerta para “sérias dúvidas que exigem esclarecimentos imediatos”. Em comunicado, a estrutura critica o autarca por falta de rigor, lembrando que este chegou a anunciar o projeto como sendo PIN – Projeto de Potencial Interesse Nacional – quando, segundo a AICEP, não existe nenhum processo desse tipo relativo à empresa promotora, a EDC One. Para a AD, a classificação correta é PEIM – Projeto Empresarial de Interesse Municipal.
Ao mesmo tempo, a coligação afirma apoiar “todos os investimentos sérios e credíveis que tragam desenvolvimento”, mas exige “transparência total na apresentação dos projetos e da identidade das empresas envolvidas” e recusa que o município seja transformado em “palco de propaganda eleitoral”. A AD recorda ainda exemplos de projetos falhados no passado, como a RPP Solar, a Tectânia ou a GR+CW SA, que deveriam, defende, servir de aviso.
Os deputados do PSD eleitos por Santarém já dirigiram um requerimento ao Ministério da Economia e da Coesão Territorial com perguntas sobre o processo.
Também a CDU levantou fortes reservas, considerando “inaceitável” que anúncios desta natureza sejam usados para “criar ilusões em períodos pré-eleitorais”. Os comunistas questionaram o Governo sobre a classificação do projeto como PIN, a eventual mobilização de recursos públicos, as avaliações de impacto ambiental e social e os efeitos sobre o futuro investimento previsto para a Central do Pego.
A CDU acusa ainda o presidente da Câmara de induzir os cidadãos em erro ao avançar com números sobre a criação de empregos “sem garantias reais”. Para a coligação, este é mais um exemplo de uma prática marcada por “elefantes brancos”, decisões que, no seu entender, já causaram prejuízos significativos ao concelho.
Apesar das diferenças de linguagem e enfoque, tanto a AD como a CDU convergem nas críticas à condução do processo, exigindo maior rigor, transparência e garantias concretas sobre a viabilidade do projeto que poderá marcar o futuro económico de Abrantes.
Veja aqui a notícia:
Abrantes vai receber investimento histórico de 7 mil milhões de euros