Perto de 20 mil assinaturas contra encerramento da maternidade de Abrantes e urgência pediátrica de Torres Novas

A recolha de assinaturas decorre até ao final de outubro.

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Os Utentes da Saúde do Médio Tejo estão prestes a atingir as 20 mil assinaturas no abaixo-assinado que contesta o eventual encerramento da maternidade de Abrantes e da urgência pediátrica de Torres Novas, duas unidades em risco segundo um plano entregue ao Ministério da Saúde.

Em declarações à agência Lusa, Manuel José Soares, porta-voz da Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT), afirmou que a mobilização popular tem sido “surpreendente” e demonstra “a indignação generalizada” perante a possibilidade de perda de serviços de saúde considerados essenciais.

“Temos muito perto de 19 mil assinaturas e esperamos ultrapassar esse número ainda hoje. Foi surpreendente ver tanta adesão e militância de dirigentes, trabalhadores e cidadãos, muitos deles pouco habituados a envolver-se nestas causas”, disse o porta-voz.

O abaixo-assinado, lançado no final de setembro e disponível em cerca de 500 locais do Médio Tejo, exige que o Hospital de Abrantes mantenha a maternidade aberta 24 horas e que a urgência pediátrica de Torres Novas continue a funcionar permanentemente.

Plano nacional em causa

A CUSMT alerta que o plano da Comissão Nacional da Saúde da Mulher e da Criança (CNSMC) prevê uma reorganização dos cuidados de saúde materno-infantis no SNS, o que poderá levar ao fecho dos dois serviços no Médio Tejo — ambos integrados na Unidade Local de Saúde (ULS) do Médio Tejo.

“Infelizmente, até à data, essas pretensões ainda não foram desmentidas”, refere a comissão em comunicado, sublinhando que o encerramento teria “graves prejuízos humanos, sociais e de coesão territorial”.

A urgência pediátrica de Torres Novas, que funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, realizou mais de 29 mil atendimentos em 2024, o que representa uma média superior a 80 por dia. Já a maternidade de Abrantes, apesar da falta de especialistas, só encerrou um dia em agosto e tem vindo a aumentar o número de partos.

“No Médio Tejo ninguém defende o encerramento”

Manuel Soares criticou ainda as declarações de Alberto Caldas Afonso, coordenador da CNSMC, que afirmou ao Expresso que “não faz sentido” manter a obstetrícia em Abrantes e a pediatria em Torres Novas.

“Se não há maternidade, não há neonatologia. São dois serviços essenciais, com reconhecimento das populações, que não podem ser desmantelados”, alertou, garantindo que qualquer decisão nesse sentido será fortemente contestada.

A recolha de assinaturas decorre até ao final de outubro, estando prevista a entrega do abaixo-assinado no Ministério da Saúde na primeira quinzena de novembro.

Até ao final desta semana, a CUSMT pretende ainda enviar exposições e pedidos de reunião à Ordem dos Médicos, sindicatos, autarquias, Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo e grupos parlamentares, apelando à união de esforços: “Queremos que caminhem ao nosso lado, à frente, atrás, mas que façam alguma coisa para que o Governo não tome essa medida.”

A ULS Médio Tejo serve cerca de 170 mil utentes em 11 concelhos dos distritos de Santarém e Castelo Branco, abrangendo os hospitais de Abrantes, Tomar e Torres Novas.

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