Sicó quer candidatar a arte de construção dos muros de pedra seca a Património Mundial Imaterial da UNESCO.
Predomina nos concelhos de Alvaiázere, Ansião, Condeixa-a-Nova, Penela, Pombal e Soure
A arte ancestral de erguer muros de pedra seca no Maciço Calcário de Sicó pode estar prestes a alcançar um novo patamar de reconhecimento nacional e internacional. O Património Cultural – Instituto Público abriu oficialmente o procedimento de inventariação desta prática, colocando em consulta pública, por 30 dias, a proposta de inscrição da “Arte de Construção dos Muros em Pedra Seca no Maciço Calcário de Sicó” no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.

A iniciativa, publicada em Diário da República, representa um momento crucial para a salvaguarda deste saber tradicional que molda há séculos a paisagem dos concelhos de Alvaiázere, Ansião, Condeixa-a-Nova, Penela, Pombal e Soure. O processo foi desenvolvido pela Associação de Desenvolvimento Terras de Sicó, que tem liderado os esforços de valorização da prática.
Rumo à UNESCO
A Terras de Sicó considera este avanço “um passo decisivo” para preparar uma futura candidatura da arte de construção dos muros de pedra seca a Património Mundial Imaterial da UNESCO. O objetivo é agora alargar o âmbito territorial do processo ao maciço calcário estremenho — que integra as Serras de Aire e Candeeiros e os planaltos de Santo António e São Mamede — cobrindo uma vasta faixa entre Alenquer e Coimbra.
Para consolidar a candidatura, a associação pretende envolver novas entidades, desde comunidades intermunicipais à ADSAICA, bem como integrar a rede dos Grupos de Ação Local – ADL LEADER, com vista ao desenvolvimento de um projeto nacional de cooperação dedicado ao tema.
Consulta pública aberta
Os cidadãos interessados podem consultar presencialmente o processo na Divisão de Cadastro, Inventário e Classificação, no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa até 26 de dezembro de 2025

Após a consulta pública, o Património Cultural dispõe de 120 dias para deliberar sobre a inscrição desta manifestação no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. Caso seja aprovada, abrir-se-á caminho para que Sicó e o seu património construído sem argamassa – fruto de séculos de engenho comunitário – ganhem projeção e proteção reforçadas.
A decisão final poderá representar um marco para o reconhecimento de uma prática que é, simultaneamente, identidade, técnica e memória viva do território.
Fonte:Terras de Sicó – Associação de Desenvolvimento

