Faz hoje 118 anos que nasceu Fernando Lopes-Graça em Tomar. Lopes-Graça foi um compositor, musicólogo, pianista, maestro, professor, investigador, teórico, crítico de arte e militante do Partido Comunista Português. É considerado um dos maiores compositores e musicólogos portugueses do século XX, reconhecido internacionalmente.
Fernando Lopes-Graça iniciou os estudos musicais na sua cidade natal e concluiu-os no Conservatório Nacional de Lisboa (1923-1931), onde estudou piano com José Viana da Mota e composição com Luís de Freitas Branco. Durante este período, começou a compor, escrever crônicas musicais e desenvolver um estilo modernista, influenciado por Arnold Schönberg e Paul Hindemith. Em 1931, conseguiu uma vaga no Conservatório de Lisboa, mas foi impedido de lecionar em escolas públicas devido a questões políticas.
Nos anos 1930, radicou-se em Coimbra, onde lecionou e sofreu duas detenções por motivos políticos. Em 1937, mudou-se para Paris, estudando musicologia na Sorbonne e desenvolvendo um “nacionalismo essencial” em sua música, inspirado em Béla Bartók e Manuel de Falla. Lá, compôs obras importantes, como harmonizações de canções tradicionais portuguesas.
Retornando a Lisboa em 1939, destacou-se como cronista, professor e organizador de concertos. Criou o Coro da Academia de Amadores de Música e foi premiado várias vezes por suas composições, como o Concerto para piano e orquestra nº 1 e a cantata História Trágico-Marítima. Lopes-Graça também se dedicou à crítica musical e à divulgação pedagógica, colaborando com publicações como Seara Nova e O Diabo.
Militante do PCP a partir da década de 1940, compôs as célebres Canções Heróicas e realizou harmonizações de canções populares para coros. Em 1954, foi afastado do ensino privado por despacho ministerial, mas manteve uma intensa produção intelectual e artística, dirigindo o Coro da Academia de Amadores de Música e coeditando obras como o Dicionário de Música.
Nos anos 1960, iniciou uma longa colaboração com Michel Giacometti, resultando na publicação do Cancioneiro Popular Português (1981) e na gravação da Antologia da Música Regional Portuguesa.
Ao longo de sua vida, Lopes-Graça conciliou a criação musical com um profundo engajamento político e cultural, deixando um legado que celebra a música tradicional portuguesa e a modernidade estética.
