As cidades da região servidas pela rede de transportes ferroviários, são à partida motivo de atração, para os que procuram trabalho, e que residem nas áreas envolventes ou concelhos vizinhos destas. Com maior impacto na região temos a cidade do Entroncamento e de Santarém. Tomar também é servida pelo transporte ferroviário mas, neste contexto, tem menor impacto que as outras duas cidades atrás mencionadas, cujo índice populacional é muito superior.
Quem conhece o país real, sabe que no Entroncamento como na cidade de Santarém há muitos trabalhadores que se deslocam diariamente para Lisboa e zonas periféricas, onde têm os seus postos de trabalho. É assim há anos, tendo vindo a intensificar-se este êxodo laboral com o recurso ao transporte ferroviário (com muito mais passageiros desde que entrou em vigor o passe verde muito mais económico).
Todos estes factos seriam motivo de satisfação quer para as câmaras, que fixaram mais populações (com impacto na economia local e impostos municipais), como para os habitantes que vêem na ferrovia uma boa opção de mobilidade. Sendo ainda de valorizar, nesta época que tanto se fala e se apregoa os benefícios da descarbonização, a consequente redução da ciruculação de automóveis.
Mas a situação está longe de ser agradável, especialmente para os milhares de trabalhadores que têm que deixar os seus carros estacionados nos parques perto das referidas estações, onde se registam quase diariamente assaltos e actos de vandalismo aos veículos que ali ficam entregues à sua sorte, às mãos dos ladrões, enquanto os proprietários vão trabalhar.
No caso concreto de Tomar, a autarquia pavimentou um espaço junto à estação e criou assim algumas condições. Faltam as câmaras de vigilância que deviam estar instalaldas para dissuadir os roubos, entre os quais de catalizadores, sendo este o último registado neste parque. A localização deste parque também contribui para a sua pouca segurança, uma vez que é uma zona de passagem, com veículos a circularem constantemente na Avenida Fonseca Simões.
No Entroncamento, existe nas imediações da estação alguns parques, quase todos tarifados, por onde passam várias vezes ao dia os fiscais municipais, que controlam os carros estacionados sem o respetivo pagamento. Contudo falta estacionamento e não se vêem projetos ou obras que possavm vir a colmatar este problema no futuro, apesar do índice populacional continuar a aumentar.
Em Santarém, capital do distrito, a situação é mais gritante. Há dois ou três parques, um em terra batida, um deles tarifado, mas insuficiete para tanta procura, e os outros dois parques longe da vista de quem circula na estrada, são locais apetecíveis para quem faz do crime o seu modo de vida. Há duas câmaras de vigilância, mas não abrangem todos os espaços. E assim repetem-se os furtos, os roubos, o vandalismo, quase impune, de uma zona entregue à sua sorte, ou à sorte dos criminosos.
Contudo, sabemos que a Câmara de Santarém, agora que estamos em pré-campanha eleitoral já anunciou que vai adquirir imóveis degradados perto da estação para alargar o estacionamento. Acreditemos que assim seja, a bem dos seus munícipes, peca por ser uma medida tardia. Mas lá diz o povo, “mais vale tarde do que nunca”.
Sobre os factos aqui descritos, interrogo-me dezenas de vezes: “como é que um município, capital de distrito, com ensino politécnico, com importantes serviços públicos, que tem cerca de 400 milhões de investimento público e privado em curso que registou, no primeiro semestre deste ano, o maíor número de criação de postos de trabalho, na região, está e esteve tanto anos de costas viradas para este problema. Tantos fundos do PRR, que poderiam ter sido aproveitados na melhoria e criação destas infraestruturas.
Podem argumentar, quem recorre diariamente à estação da CP de Santarém é gente de concelhos vizinhos, que não reside em Santarém, e que só ali deixa o carro para ir trabalhar, não sendo assim um problema que diga respeito único e exclusivamente ao Município de Santarém.
Muito bem. Qual foi o objetivo da criação das Comunidades Intermunicipais? Não foram estas criadas para darem resposta à falta de projetos de larga escala para sastisfação e melhoria da qualidade de vida das populações que representam? A Comuninadade da Lezíria já abordou o assunto? Tentou encontrar respostas com os autarcas que a integram, na qual têm assento os presidentes de câmara dos concelhos vizinhos a quem a estação de Santarém também serve?
Não tenho respostas… Mas julgo que está na hora de haver um debate sério sobre o trabalho das Comunidades Intermunicpais e que interesses elas servem. Por ali passam milhões de euros, que deviam ser mais bem escrutinados.
Isabel Miliciano