Numa crise habitacional sem precedentes em Portugal, continua-se a promover a região em feiras de imobiliário, à escala mundial
NERSANT e a CIMT em Cannes.
Numa crise habitacional sem precedentes em Portugal, continua-se a promover a região em feiras de imobiliário, à escala mundial.
Fico perplexa ver a NERSANT e a CIMT a proverem além-fronteiras a região no maior evento imobiliário global, que terá lugar em Cannes, França, de 9 a 13 de março de 2026.
Segundo informação da NERSANT, “este ano, a presença do Médio Tejo ganha uma nova dimensão: a NERSANT e a CIMT decidiram abrir a iniciativa às empresas da região, dando-lhes a oportunidade de integrar a comitiva oficial e de estar presentes no stand da região do Médio Tejo. Trata-se de uma ocasião única para promover negócios, atrair investimento e potenciar a visibilidade das empresas num evento que reúne, em 18.500 m² de exposição, mais de 21.000 participantes oriundos de 100 países.
O MIPIM é reconhecido como o principal encontro mundial do setor imobiliário, onde os principais decisores e investidores internacionais partilham projetos inovadores, exploram parcerias estratégicas e têm acesso a oportunidades de financiamento e desenvolvimento.
Gostaria de saber quais são os produtos/bens imobiliários que as empresas portuguesas e, em particular, da nossa região vão promover numa feira desta dimensão.
Divulgação e oferta de imobiliário habitacional e outro (espaços comerciais ou antigas instalações de fábricas devolutas e abandonadas)?
Gostaria de saber que impacto tem, na vida dos portugueses, a apetência de milionários estrangeiros que optam por viver em Portugal, adquirindo aqui património, nomeadamente na área habitacional. Não serão estes novos proprietários vindos do exterior, uma das principais causas da inflação e especulação imobiliária, para além da sua escassez?
Poder-me-ão dizer que, em muitas cidades e vilas do interior existem milhares de casas devolutas, abandonadas e outras ainda em ruína, e que se regista em muitas delas alguma reabilitação habitacional graças a esses mesmos estrangeiros quer sejam investidores ou simplesmente para habitação própria?
Compreendo que haja aspetos positivos desta procura desmedida por agentes estrangeiros. Desde logo impostos e outras mais valias, como a própria dinâmica no mercado de obras do setor da construção civil.
Mas, continuo a considerar que há um mercado imobiliário que está a criar uma situação de profunda desigualdade, nefasto para os portugueses que precisam ou desejam adquirir ou alugar casa.
Um problema para o qual o governo deveria criar legislação para o regular, de forma a criar uma quota de mercado habitacional a nível nacional, que não deixasse os portugueses entregues à sua sorte ou, no futuro, fora dos grandes centros urbanos.
É só uma reflexão!…