A recente decisão de abater as Olaias em fim de vida em Tomar é mais do que uma medida infeliz: é um símbolo gritante da falta de sensibilidade ambiental e cultural por parte das entidades responsáveis pela gestão do espaço público. Abater árvores em plena época de nidificação é não apenas um ato cruel para com a biodiversidade urbana, mas uma violação ética que poderia muito bem justificar uma ação judicial por parte dos cidadãos que ainda acreditam no dever de proteger o bem comum.
As Olaias, com as suas flores exuberantes, são parte da memória visual e afetiva de quem vive e visita Tomar. Não se trata apenas de árvores: são testemunhas do tempo, companheiras silenciosas das estações, símbolos vivos de uma cidade que se diz histórica mas que, com decisões como esta, revela pouca ligação ao seu próprio património natural.
A escolha do momento para o abate, coincidente com a nidificação das aves, é especialmente grave. Ignorar o ciclo da vida selvagem urbana é uma prova inequívoca de desrespeito por todos os princípios básicos de ecologia urbana. Mais do que ignorância, é uma afronta. E numa época em que se fala tanto de sustentabilidade e de cidades verdes, parece que Tomar ainda não entendeu o que isso realmente significa.
Como se não bastasse, surge agora a proposta de calçar o Jardim do Mouchão. A calçada portuguesa é bela, sim. Mas será isso o que o Mouchão precisa? A introdução de pedra num espaço verde, natural, de repouso e sombra, soa a mais um capricho estético de gabinete, alheio ao uso real e afetivo que os tomarenses fazem daquele lugar. O Mouchão é pulmão, é frescura, é chão vivo. Empedrá-lo é sufocá-lo.
As árvores morrem de pé …