Fernando Santos envia O Templário ao governo, onde contesta a falta de resposta do SNS

Em artigo de opinião.

0

Fernando Santos, autor de um artigo de opinião publicado na última edição do Jornal O Templário, onde aborda os problemas e falta de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS) envia jornal ao Primeiro-Ministro como forma da sua contestação perante os referidos problemas, que podem colocar em causa a vida dos cidadãos.

Conforme o próprio nos escreveu num mail enviado à nossa redação “E pronto, lá foi dado a conhecer em 4 de março O TEMPLÁRIO ao Senhor 1º Ministro, e o que lá vem na página 6″, e achamos por bem dar conta deste gesto. A imprensa é também meio de chamar a atenção dos governantes para os problemas reais da população. Aqui fica o testemunho de Fernando Santos.

Artigo de opinião, publicado na edição de 03-045-2025, do jornal O Templário  da autoria de Fernando Santos: 

“A expressão “crimes de guerra” é, infelizmente, sobejamente conhecida de todos nós. Há também uma coisa a que venho chamando de há uns anos para cá, de “crimes de Estado”. Para mim, crimes de Estado são crimes cometidos por governantes. São crimes cometidos pelo Estado, pronto. E a que crimes me refiro?
Bem, poderiam ser vários, mas foco um em particular, por muito me revoltar, ser velho, ter doenças crónicas, e por achar que é mesmo crime: o de “omissão de auxílio”. Omissão de auxílio…?
Passo a explicar. Como a maior parte das pessoas sabe, perante uma situação de perigo iminente ou em presença de feridos – como por exemplo, na estrada – quem presenciar essa situação e “olhar para o lado”, não prestando auxílio, incorre no crime de omissão de auxílio.
Ora, transpondo isso para a nossa situação vergonhosa – e criminosa – com o SNS que temos, e tendo em conta que o Estado tem a obrigação de prover assistência na Saúde aos portugueses (aliás, o direito à saúde é um direito constitucional) e o faz mal e porcamente, e o cidadão doente se vê muitas vezes sem os cuidados médicos que precisa a tempo e horas, o Estado está a incorrer numa omissão de auxílio a quem está aflito ou até em risco de vida. O Estado está a cometer um crime, e grave, sobre milhares de portugueses. É crime é, não parece, mas é!
Os portugueses não têm o SNS de borla, ao contrário do que nos querem fazer crer. Os portugueses pagam impostos. Para onde vai esse dinheiro? Não há agora um excedente orçamental? O que o Estado faz a esse dinheiro? Porque não abre os cordões à bolsa no que toca à Saúde, com tanta situação revoltante nos noticiários que diariamente nos entra pela casa dentro? O direito à Saúde deveria ser uma prioridade de qualquer Estado humano e civilizado, e não deixar pessoas em sofrimento e às vezes à morte, em longas horas de espera nas urgências; nas cirurgias adiadas ou largamente excedendo tempos de espera; nas urgências fechadas; nas horas à porta dos centros de saúde para apanhar vez; na falta de médicos de família; na falta de especialistas; na falta de enfermeiros; na falta de auxiliares; na falta de administrativos; na falta de papel, na falta de vergonha, …na falta de tudo! É por isso que em conclusão, eu considero o Estado português, nos sucessivos governos que por lá passaram, criminoso, por muito que o adjetivo soe mal, incorrendo este num crime inqualificável de omissão de auxílio a quem não tem recursos para se tratar no privado. Bolas, ó senhor Estado, que é preciso ser-se mesmo muito mau, tendo em conta o estado calamitoso a que as coisas chegaram na Saúde, e continuar a nada fazer…!
O Estado português recebe o dinheiro dos impostos; O Estado português não dá o auxílio (neste caso a Saúde, o SNS) a quem precisa dele; O Estado português está careca de saber o dramático estado da Saúde em Portugal, e incorrendo num crime, assobia para o lado e passa de longe, deixando os cidadãos em desespero, aflição e angústia.
Então se isto não é crime, é o quê?!
No meu “Testamento Vital” – juro que é verdade – além de não querer ser reanimado, ventilado, nem suportes artificiais de vida (o Test. Vital é grátis, registado oficialmente no Rentev, válido por 5 anos, e pode ser alterado ou cancelado a qualquer momento nos centros de saúde) escrevi no fim: “Peço aos médicos que à primeira oportunidade me deixem ir logo embora. Desconfiança total e medo do SNS”.
Este artigo de opinião é também uma carta aberta ao Estado português, e vou enviá-lo para o gabinete do 1.º ministro. Não me interessa quem lá está agora ou quem irá para lá no próximo “reinado”. Interessa-me é que os governantes dos últimos 10, 15 anos que pelo poder passaram, nada fizeram para reanimar o SNS, e ele se apresenta agora moribundo, com um incomensurável prejuízo para toda a população.
Os governantes que foram olhando para o lado, nada resolvendo no SNS, já viram o grave “crime de omissão de auxílio” que cometeram e vêm cometendo sobre milhares e milhares de cidadãos necessitados?!
(Quem quiser que copie, fotocopie, recorte, fotografe, digitalize este artigo, e o envie para: Presidência do concelho de Ministros, gabinete do 1.º ministro, rua da Imprensa à Estrela, no4, 1200 – 888 Lisboa, ou por email: pm@pm.gov.pt , que é para onde vai o meu!)”.

Fernando Santos

Todas as quintas-feiras, receba uma seleção das nossas notícias no seu e-mail. Inscreva-se na nossa newsletter, é gratuita!
Pode cancelar a sua subscrição a qualquer momento

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.