Porque é que Tomar ainda não tem um funicular?

Por: Arnaldo Rivotti

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Na Europa, os funiculares não são apenas meios de transporte. São ícones de engenhosidade e símbolos vivos da ligação entre o passado e o presente. Desde as encostas suíças até os bairros históricos de Lisboa, estes sistemas de tração têm vencido colinas íngremes com graça e funcionalidade, tornando-se uma experiência imperdível para os viajantes. Hoje, mais do que nunca, os funiculares afirmam-se como catalisadores do turismo sustentável e do desenvolvimento urbano.
E Tomar, cidade templária por excelência, tem diante de si uma oportunidade única de se juntar a este movimento.
Com raízes no século XIX, os funiculares surgiram como solução prática para ligar zonas elevadas a centros urbanos ou locais de interesse turístico. Em Lisboa, o Elevador da Glória é um exemplo icónico. Em Budapeste, o Budavári Sikló leva milhares de visitantes do Danúbio ao Castelo de Buda. Na Suíça, Áustria e Itália, estes veículos fazem parte da paisagem alpina, combinando charme com acessibilidade. São silenciosos, ecológicos e oferecem vistas deslumbrantes, tornando-se experiências turísticas por si só.
A cidade de Tomar, com o seu riquíssimo património templário, é uma das joias do centro de Portugal. No entanto, a distância entre a Praça da República e o monumental Convento de Cristo continua a ser um obstáculo real para muitos visitantes. Subir a colina a pé, sob o sol do verão, pode desencorajar os menos preparados – especialmente os idosos, famílias com crianças ou pessoas com mobilidade reduzida.
A criação de um funicular ligando a zona histórica ao Convento seria um passo visionário. Não só resolveria o problema de acessibilidade como criaria um novo atrativo turístico por si só. Imagine o cenário: um moderno funicular deslizando suavemente entre as árvores seculares, revelando vistas únicas sobre a cidade, o rio Nabão e a silhueta imponente do castelo templário.
Para além do impacto visual e emocional, o funicular em Tomar teria um forte impacto económico. Atrairia mais visitantes ao Convento de Cristo, Património Mundial da UNESCO, e, crucialmente, traria esses mesmos visitantes de volta ao centro histórico, revitalizando o comércio local, os cafés, as lojas de produtos regionais e os museus.
Em vez de um turismo de passagem, criar-se-ia um turismo de permanência, incentivando os visitantes a explorar a cidade com mais tempo e profundidade.
Num tempo em que a sustentabilidade é palavra-chave, o funicular é uma resposta moderna e consciente. Com uma pegada ecológica mínima, movido por energia elétrica e capaz de operar com baixos níveis de ruído, respeita o ambiente urbano e os valores patrimoniais da cidade. A sua presença reforçaria a imagem de Tomar como uma cidade amiga do ambiente e aberta à inovação.
Os funiculares não são apenas meios de transporte: são instrumentos de transformação urbana e motores de um turismo mais inclusivo, sustentável e memorável.
Tomar, com o seu legado místico e o seu espírito visionário, tem tudo para dar este passo. Subir ao Convento de Cristo deixaria de ser apenas um esforço físico – seria uma viagem simbólica, marcada por beleza, conforto e emoção. O funicular não ligaria apenas dois pontos da cidade: ligaria Tomar ao futuro.
Imagem: ipdt
Arnaldo Rivotti
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