No passado dia 30 de agosto foi reaberto, após obras de requalificação, o Museu de Arte Pré-histórica e do Sagrado do Vale do Tejo, em Mação.
Este evento não teria grande relevância para Tomar se não estivesse envolvido neste projeto, como diretor científico do museu, o professor Luiz Oosterbeek e a já longa parceria entre o Município de Mação e o Instituto Politécnico de Tomar (IPT). Parceria essa que, ao longo das últimas décadas, tem contribuído em larga medida, para a crescente notoriedade que Mação já tem internacionalmente, ao nível da arte pré-histórica.
O grande interesse demonstrado, desde a primeira hora, pelos autarcas de Mação, no que se refere à pré-história da região e o forte envolvimento da população que foi conseguido, demonstram uma visão de futuro que poucos conseguiram alcançar no Médio Tejo.
Tal como foi referido por Luiz Oosterbeek na cerimónia, esta reabertura do museu não é um fim, mas um ponto de partida para novos projetos, tal como aquele que irão agora abraçar intitulado “Territórios em Transformação”, aprovado pela Comissão Europeia.
Depois de lerem isto, muitos tomarenses perguntarão: Como é que um concelho com cerca de 20% da nossa população consegue concretizar projetos destes e Tomar não? Tomar não terá condições para acolher um museu deste nível?
Tomar, só no que se refere à pré-história, tem um acervo enorme, grande parte dele distribuído por instituições fora do concelho. Porque aqui, à exceção do IPT, poucos locais existem para albergar o espólio. Quem desfolhar o livro “As Origens De Tomar: Carta Arqueológica Do Concelho”, de Carlos Batata, conseguirá perceber o que acabei de relatar.
A exemplo de outros casos de gritante indiferença, por parte da gestão da Câmara Municipal de Tomar, que em tempos relatei, como o espólio de brinquedos de Manuel Augusto Baptista da Conceição e o de pintura do artista Tó Carvalho, este é mais um em que a musealização foi esquecida.
A riqueza arqueológica já descoberta no concelho, principalmente do Vale do Nabão (e aquela que ainda está por descobrir), mereciam outro tipo de atenção por parte da autarquia tomarense.
Tomar tem quase tudo: um vasto espólio, especialistas na matéria e o Instituto Politécnico de Tomar. Só falta, realmente, a iniciativa e visão que autarcas vizinhos tiveram e continuam a ter.
Talvez a necessidade, quase obsessiva, da organização e eventos e festas não esteja a deixar espaço para que uma vertente cultural mais sólida e consistente seja estabelecida em Tomar.
Espaços como estes contribuiriam para a diversificação turístico / cultural de Tomar e ajudariam a vincar, ainda mais, a sua centralidade nesta zona país.
Alexandre Horta