Quem paga a falta de medicamentos nas farmácias?

Por: Beja Santos

0 970
Widget dentro do artigo  
 
   
Advertisements
Advertisements

 

14
Beja Santos

 

 

 

 

 

 

Quem paga? A resposta é fácil, é o SNS (Orçamento de Estado, contribuintes) e são os doentes, milhões por ano, um dos mais estapafúrdios esbanjamentos em Saúde.

A indisponibilidade de medicamentos nas farmácias ganhou relevo quando se começou a falar no número impressionante de farmácias insolventes e penhoradas, a questão foi mesmo abordada na petição “Salvar as Farmácias, Cumprir o SNS”, aqui dizia-se expressamente que havia que combater as falhas de medicamentos, garantindo aos doentes o acesso na farmácia a todos os medicamentos receitados pelos médicos. Falou-se então muito nas razões da insolvência e penhora, quais os distritos mais afetados e as razões por que faltavam medicamentos nas farmácias.

Dava-se como primeira explicação as exportações, veio seguidamente o Governo determinar medidas à indústria, exigindo a plena garantia de abastecimento, o mercado nacional não podia ser afetado pelas exportações. Palavras vãs. Em janeiro deste ano, a ANF – Associação Nacional das Farmácias – apresentava um observatório dos medicamentos em falta e revelava existirem cerca de seis milhões de embalagens em falta em mais de mil e novecentas farmácias. Já em 2018 faltaram 64 milhões de embalagens de medicamentos. Mas não há remédio para esta falta de remédios?

Há, evidentemente. O Ministério da Saúde, a indústria, a distribuição e os profissionais de saúde devem rapidamente chegar a um entendimento, já que se sabe quem é que vai pagar as terapêuticas interrompidas, as novas idas ao médico à procura de medicamento de substituição, com o pagamento de uma outra taxa moderadora, o entupimento das Urgências no somatório destas terapêuticas que por interrupção levam o doente a entrar, em certos casos, num estado crítico.

Aqui não se trata, em concreto, de uma questão da insolvência das farmácias, se bem que, com a situação crítica que muitos vivem, os mecanismos de prudência entre distribuidores e farmácias comunitárias estão sob vigilância, o que chega à farmácia tem que ser liquidado a tempo e horas. O Ministério da Saúde deve propor incentivos à indústria de modo a acabar com as ruturas. Essa gama de incentivos tem a ver com o direito à Saúde. Deplora-se que as políticas de Saúde estejam maciçamente orientadas para a doença e menos para a saúde. Houvesse outra lógica e até teríamos a promoção do uso racional dos medicamentos, aí seria importante proibir algumas práticas que incentivam o seu consumo, como os descontos nos medicamentos com preço fixado pelo Estado.

As falhas dos medicamentos nas farmácias é uma árvore da floresta, um esbanjamento inacreditável, tão mais inacreditável quando todos nós sabemos que as Unidades de Saúde se debatem com crónicos problemas financeiros, associados a uma enorme falta de pessoal, sendo as farmácias a porta do SNS onde o doente sente o incumprimento de princípios essenciais do SNS.

Há que encontrar respostas na parte e no todo, os doentes precisam de coesão territorial, o mesmo é dizer a garantia de se cumprir a prescrição médica de acordo com uma boa cobertura farmacêutica. Cada dia que passa são euros preciosos que se deitam para o balde do lixo e, tristemente, sempre com impacto negativo na saúde dos portugueses.

Todas as quintas-feiras, receba uma seleção das nossas notícias no seu e-mail. Inscreva-se na nossa newsletter, é gratuita!
Pode cancelar a sua subscrição a qualquer momento

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.