Nem sempre o ditado “Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”, é uma verdade absoluta. Isto a propósito de Samuel Fontes, eleito para o executivo tomarense pelo partido Chega.
Desde já declaro que não gosto do Chega, nem de qualquer tipo de partido que assuma posições extremadas. Sou democrata, respeito e defendo os valores mais altos de um Estado de Direito. Contudo, não posso ignorar no regime democrático, em que vivemos, as «vitórias do Chega» que lhe foram dadas pelo voto popular, sem abordar aqui se houve ou não, campanhas populistas e manipuladoras. Não podemos esquecer que estes partidos, ditos populistas, agradam a muitos eleitores vítimas de injustiças sociais, que ao mesmo tempo veem muitos políticos e o seu clientelismo a enriquecer alegremente, a passarem pelas malhas da justiça sempre impunes.
Acredito que se, algum dia, o Chega for governo, não vai resolver nada, provavelmente mergulhará o país numa situação social crítica, colocando os portugueses uns contra os outros. Não acredito em «salvadores da pátria». Contundo, defendo que devem ser feitas reformas em determinados setores da vida social, económica e política, que contribuam para uma maior justiça social, e um combate feroz à corrupção que desgraça qualquer país, onde predomine.
Portanto, que fique bem claro, que não sou simpatizante do Chega nem das suas políticas. Aliás, até evito falar nesse partido, sou da opinião quanto mais mediatismo existe em torno do seu líder, mais simpatizantes atrai para a sua falaciosa causa na sociedade portuguesa, e com o meu contributo não!
Voltando à questão da AD de Tomar, ter acordado com Samuel Fontes a atribuição de um tempo inteiro com a respetiva atribuição de pelouros, não me choca. Porque conheço o Samuel Fontes, pessoa moderada e dialogante. Não sei quais as razões que o levaram a aliar-se ao Chega e lamento esse facto. Mas como diz a sabedoria popular ninguém é perfeito.
Contudo, não estou aqui a defender a posição da AD na atribuição de pelouros aos adversários políticos. Todos foram eleitos democraticamente, e deve entender-se com quem quer, sem nunca violar os princípios e os valores do regime democrático. Quem não se lembra no passado, o PSD ter atribuído pelouros a um vereador da CDU e PS, na Câmara de Tomar, nos idos anos 90? Quem não se lembra, mais recentemente do PSD ter atribuído pelouros a um vereador do PS? Quem já não viu, na Assembleia da República, o Chega a votar ao lado da esquerda? E vice-versa.
Para terminar, considero que este acordo responsabiliza ainda mais a AD – Coligação PSD/CDS, que tem agora todas as condições de governabilidade na Câmara de Tomar, não pode no futuro escusar-se com a desculpa que a oposição não a deixou trabalhar. Agora, fico à espera, que a atual maioria comece a trabalhar. Os tomarenses cá estarão para os julgar mais tarde.
Isabel Miliciano

