Tomar Industrial: aplaudir um paraninfo da memória tomarense

Por: Beja Santos

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   Usando termos em voga, esta exposição é imperdível e incontornável, impossível não bater as palmas a este trabalho do Centro de Estudos em Fotografia de Tomar, sediado na Casa dos Cubos. Este centro, para quem ainda possa andar distraído, tem como missão o estudo e a investigação da cultura fotográfica, cabe-lhe preservar e divulgar arquivos fotográficos históricos e contemporâneos; obviamente, atraindo os tomarenses para uma dimensão do passado, presente num património claudicante, arruinado, abandonado, apesar dos seus vestígios magnificentes, próximo ou algo distante do manso Nabão.

  O que todos podemos e devemos contemplar e refletir é o que se impõe fazer das ruínas deste parque industrial, do que vai ser leiloado ou ficar à mercê das inclemências do tempo e da indiferença do homem. Está na Casa dos Cubos, mas dali a dois passos está a Levada de Tomar, prova de que se pode recuperar e dar bom uso.

   O anuário de 2018/2019 deste Centro de Estudos esclarece o que se tem feito e se vai fazer: a recuperação do espólio fotográfico de António da Silva Magalhães; a exposição “Nas Curvas do Espanto: Médio Tejo, que caminhos para uma mudança?”, envolvendo o concelho de Mação; o projeto expositivo “A Festa, o Saber e o Gesto”, em colaboração com a comissão central da Festa dos Tabuleiros; e podíamos ir por aí fora, reconhecer o trabalho didático e a cooperação com o Instituto Politécnico de Tomar em diferentes dimensões. Por ora, e para dar força ao convite, escreve-se com entusiasmo que este projeto expositivo é um grito à nossa indiferença, iremos ver imagens belíssimas, dolorosas, rincões do passado em cenários que nos são próximos, numa disposição altamente atrativa, fotografia e cinema. E vamos embrenhar-nos na Fábrica de Papel de Porto Cavaleiros, na paisagem do Nabão, numa instalação na Fábrica de Fiação de Tomar, regredir a um passado já remoto no Complexo Industrial da Levada de Tomar e ver a Fábrica de Fiação de Tomar em filme.

   Vale a pena seguir o que se escreve no referido anuário do Centro de Estudos em Fotografia de Tomar.

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   Os elementos são dispostos numa cenografia que estimula o diálogo das diferentes parcelas. Houve uma encomenda em 1992 para uma reportagem fotográfica da fábrica de Porto Cavaleiros, ainda em laboração. Trabalho que ilustra a linha de produção, aspetos das tecnologias instaladas, entre outros aspetos. Naturalmente que o produto exposto é chocante, a fábrica encerrou pouco depois, fou sujeita a desmantelamento, somo confrontados com o mundo vivo e imagens de uma perdição, diga-se o que se disser está ali um pequeno tesouro de arqueologia industrial, porventura uma ruína sem remissão.

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   Os elementos são dispostos numa cenografia que estimula o diálogo das diferentes parcelas. Houve uma encomenda em 1992 para uma reportagem fotográfica da fábrica de Porto Cavaleiros, ainda em laboração. Trabalho que ilustra a linha de produção, aspetos das tecnologias instaladas, entre outros aspetos. Naturalmente que o produto exposto é chocante, a fábrica encerrou pouco depois, fou sujeita a desmantelamento, somo confrontados com o mundo vivo e imagens de uma perdição, diga-se o que se disser está ali um pequeno tesouro de arqueologia industrial, porventura uma ruína sem remissão.

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   O Complexo Industrial da Levada talvez mexa menos com a nossa consciência, já se recuperou esse ícone da cidade e do concelho, são imagens recordatórias, obviamente que fazem pensar, estão ali patentes condições de vida bem duras, aspetos heteróclitos do tal mundo industrial de mãos dadas com a sociedade agrária.

   Há o filme Fornalha, sobre a Fábrica de Fiação de Tomar, mais vestígios de vidas, enquanto o contemplamos somos levados ao portão da fábrica, de onde se espreita uma senha destruidora, e até apetece viajar dentro da mata até ao belíssimo açude, onde rumorejam as águas que outrora eram a energia da fiação, hoje uma mera fonte de bucolismo, entre possantes choupos.

   Em reforço, temos uma instalação visual e sonora, que já foi mostrada e que agora se repõe. Instalação que aborda também a Fábrica de Fiação, através de fotografia, do vídeo e de criação sonora.

   A publicação do Centro de Estudos de Fotografia de Tomar (diga-se de passagem que possuidora de imagens de alto nível) prevê um seminário do âmbito da exposição Tomar Industrial e outras atividades que a concretizarem-se, em muito contribuirão para o orgulho tomarense e para gerar uma cidadania mais ativa, mais cuidado em resguardar o que sobra de um modelo de desenvolvimento que chegou a um beco sem saída, hoje um baluarte arqueológico em perfeita harmonia.

   Leitor, ponha-se ao caminho, não se esqueça do calendário, esta exposição fala de si, dos seus ancestrais e lança recados ao futuro.

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Beja Santos

 

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