Meio Século de MRPP

Por: Francisco Coutinho

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Em 2020, somou-se 50 Anos após a data oficial da fundação do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado – 18 de Setembro de 1970.

Quatro lutadores provenientes de três alas – Grupo de Operários da Margem Norte do Tejo; Esquerda Democrática Estudantil (EDE) e Resistência Popular Anti Colonial (RPAC) – definiram uma direcção e um sentido a dar a um combate, não saindo de solo luso (convém sublinhar), contra a guerra ultramarina, contra o colonialismo e contra o fascismo do Estado Novo, opondo-se também ao conceito pró-soviético, deixando uma pesada rúbrica no panorama do maoismo e da esquerda portuguesa.

Foi-se gerando uma base de simpatizantes e militantes (grupos e células entre Mogadouro e Olhão; entre Pias e Aveiro – ficando eternizados os assassinados guerreiros Ribeiro dos Santos e Alexandrino de Sousa e tendo passado pela cadeia mais de quatro centenas de camaradas -).

Aquele que em 1976 passou a Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP), contestou sempre a integração de Portugal na Comunidade Económica Europeia (adiante, União Europeia), que oficialmente se dá em 1986. E assistiu, pouco depois, à dissolução da URSS (acontecimento que muito confirma).

Nunca deixou de ter elevadas discordâncias e atritos no seu seio. Neste, revelaram-se inúmeras pessoas de invejado e temido valor político e laboral (prosseguindo várias nas fileiras do partido até hoje, e tendo outras acabado por sair ao longo das décadas – como foi o caso de Aurora Rodrigues; Ana Gomes; Maria João Rodrigues; Maria José Morgado; Horácio Crespo; Saldanha Sanches; Rosas; Garcia Pereira; João Araújo e José Lamego).

Quando, com posturas abadescas, abusos e actos de birra, se considera ser-se dono da razão, alcança-se, por vezes, pontos tristes e desnecessários.

Atrevo-me, porém, a dizer que enquanto houver espécie humana, a obra iniciada por João Machado; Vidaúl Ferreira; Fernando Rosas e Arnaldo Matos será motivo de estudo, investigação e infinito aplauso.

Sinto isto com profunda vaidade, pois família minha aqui militou, arriscando a vida (mirada pelo COPCON, poucos meses após escapar à DGS/PIDE), correndo o país para efusivos comícios, protestos e manifestações, andando à pancada com os inimigos, pintando muros de madrugada, colando cartazes, escrevendo para o “Luta Popular” e vendendo-o na rua.

Todos quanto, em alguma fase, se empenharam na rotina do carismático MRPP (estando, por isto, cravados na sua peculiar história) e disso tenham orgulho, ficaram de parabéns no passado ano, por um esforço que se insere em cinquenta anos.

Para trás, está meio século a contrariar a corrente.

Ousar Recordar! Ousar Nunca Esquecer! 

 

(texto escrito seguindo a antiga grafia)

Francisco Coutinho

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1 comentário
  1. estevesayres Diz

    Demoraria uma interinidade das coisas que sei sobre alguns militantes e simpatizantes que abandonaram e foram expulsos do MRPP…, eles nunca foram comunistas, verdadeiros Marxistas. A disciplina/organização do partido, não tinha importância para eles…
    O PCTP/ MRPP nunca foi rico, e alguns aproveitaram-se oportunisticamente do partido, e sempre fomos odiados pela maioria da comunicação-social, um dia vamos todos saber porquê!?
    A luta é dura mas nós não vergamos!
    Façamos a Grande Revolução!
    Um Ex. RPA-C

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