O Plano Ferroviário Nacional, que tem como prazo indicativo de conclusão o ano de 2050, é o instrumento que irá definir a rede ferroviária que assegura as comunicações de interesse nacional e internacional em Portugal. Pretende dar resposta às exigências preconizadas no Livro Branco dos Transportes da Comissão Europeia que, entre outras, indica a transferência de 50% do tráfego rodoviário de passageiros e mercadorias, acima de 300 km, para o caminho-de-ferro, até 2050. Sendo que no caso das mercadorias existe ainda o objetivo intermédio de 30% até 2030. Prevê ainda a redução em 60% das emissões de gases de efeito estufa do setor dos transportes.
Após a apresentação do Plano no passado dia 17 de novembro, decorre agora outra importante fase, até ao próximo dia 28 de fevereiro, a consulta pública.
Sendo este plano estruturante para as próximas décadas, no que diz ao transporte ferroviário, não podemos ficar indiferentes às questões propostas, nomeadamente aquelas que afetam a nossa região e mais concretamente o nosso concelho.
Questões como a salvaguarda da operacionalidade atual do Ramal de Tomar e recuperação da importância, perdida nas últimas décadas, das estações do concelho na Linha do Norte, nomeadamente Porto da Laje e Estação de Fátima, são fundamentais defender.
Mas há outro grande desafio para o concelho, que é o de não ficar, mais uma vez, totalmente fora dos futuros grandes eixos ferroviários, que decorrem da nova linha de alta velocidade que ligará Lisboa ao Porto. A mais que certa perda de importância da Linha do Norte no panorama nacional, deverá que ser colmatada por uma maior proximidade aquela nova linha e, consequentemente aos novos eixos nacionais e internacionais que esta estrutura irá possibilitar.
É aqui que, em minha opinião, se deveria focal a intervenção nesta fase da consulta pública do Plano Ferroviário Nacional.
O Município de Ourém, em reunião do executivo, aprovou por unanimidade uma proposta para execução de um metro de superfície entre a projetada estação de Leiria da alta velocidade e a cidade de Fátima.
Para Tomar esta poderá ser uma oportunidade de potenciar uma futura ligação a essa importante estrutura, aproveitando e apoiando este projeto do concelho vizinho, reivindicando a ligação de Fátima ao Ramal de Tomar.
Será um grande desafio certamente, mas Tomar tem que tentar recuperar a sua importância estratégica no centro do país e aproveitar as sinergias regionais que se poderão gerar desta eventual parceria Tomar-Ourém-Leiria.
Alexandre Horta