Sabe que houve uma mulher que governou a Ordem de Cristo?
Sérgio Martins, colaborador assíduo do Jornal O Templário, publicou esta semana um artigo de opinião, onde chama atenção para a importância da Infanta D. Beatriz, a primeira mulher, que dirigiu com mérito a Ordem de Cristo.
Hoje que se comemora o Dia Internacional da Mulher, transcrevemos aqui o referido artigo, e que o mesmo fique para reflexão.
“Tempo de Mulher
Sérgio Martins, colaborador assíduo do Jornal O Templário publicou esta semana um artigo de opinião, onde chama atenção para a importância da Infanta D. Beatriz, a única mulher, que governou com mérito a Ordem de Cristo.
Hoje, dia 08 de março, celebra-se o Dia Internacional da Mulher, tradicionalmente orientado para comportamentos de propaganda política, sem substância, e para encontros femininos muito agitados ou espalhafatosos sem comedimento, esquecendo-se da análise sobre o passado, o presente e o futuro das mulheres, Tomar é um exemplo vivo do que afirmo.
Inspirado no Dia Internacional da Mulher 2025, a celebrar a 08 de março, escrevo sobre um fato histórico tomarense de importância Universal desprezado em Tomar, em Portugal e no resto do mundo, o da Infanta D. Beatriz, governadora da Ordem de Cristo.
A história da Infanta D. Beatriz tem inspirado, nos últimos anos, a escritura de livros a vários autores, que a consideram um dos protagonistas históricos mais importantes da Era dos Descobrimentos, porque dirigiu com mérito a Ordem de Cristo, com sede nessa terra desconhecida que é Tomar.
No livro “Grandes Enigmas da História de Portugal”, volume 1, coordenado por Miguel Sanches de Baêna e Paulo Alexandre Loução, Editora Ésquilo, Lisboa, 2ª edição, maio 2009, informa-se que nos “Índices das Chancelarias”, acervo da Torre do Tombo, em Lisboa, existem imensos documentos sobre D. Beatriz.
Há uma “Carta do Governo Temporal da Ordem de Cristo”, assinada por uma mulher, D. Beatriz, num universo de homens guerreiros. Uma mulher com acesso ao segredo dos Templários e a administrar os seus dinheiros e bens, o que, para os eunucos, afrontava os Livros sagrados e, ainda hoje, está contra toda a tradição de um mundo dominado por homens onde se procura a anulação feminina.
No livro antes referido e em outros considera-se que D. Beatriz “mandou em reis e elaborou o primeiro tratado de globalização”, o Tratado de Alcáçovas-Toledo que antecedeu o Tratado de Tordesilhas. Para muitos investigadores, para militares e peritos em Estratégia e Geopolítica, o Tratado de Alcáçovas-Toledo, em cuja origem estiveram duas mulheres, a Infanta D. Beatriz de Portugal e a Rainha de Espanha Isabel a Católica, é mais importante que o Tratado de Tordesilhas, porque abriu o caminho para o Atlântico Sul, possibilitando a descoberta do caminho marítimo para a Índia, para o historiador inglês Arnold Toynbee o acontecimento mais importante depois de Jesus. Em fevereiro de 2025, os Descobrimentos portugueses, delineados em Tomar, foram elogiados pelos chineses após a Cimeira Luso-Chinesa. Toledo, em Espanha, é um símbolo mundial, Alcáçovas, em Portugal, está em ruínas e ao abandono, e Tomar em decadência.
Há documentos sobre a atividade de D. Beatriz como Governadora da Ordem de Cristo na Torre do Tombo, nos arquivos dos Açores e em outos lugares, porque, alega-se no referido livro, “ela governou o império atlântico melhor que o marido, até que o Infante D. Henrique” (página 444).
Segundo a mesma fonte, página 445, a seu mando, navegadores portugueses terão descoberta a futura América vinte anos antes de Colombo. As relações entre D. Beatriz e Colombo são assunto a aprofundar. Hoje, a importância da Infanta continua-se a sentir; nas festas de Viana do Castelo ainda desfilam mulheres com bordados com o símbolo da Ordem de Cristo que D. Beatriz administrou; o mesmo acontece em outras paragens no Atlântico.
Em Tomar, como há anos venho denunciando, a Cruz da Ordem de Cristo está nos passeios, no chão, a negro quando era/é vermelha como o sengue de Jesus, a ser maltratada por pessoas e animais, além de outra situação que trataremos a seu tempo.
No Dia Internacional da Mulher, 08 de março, em Tomar, no resto do país e do mundo, devia-se celebrar D. Beatriz e o seu exemplo, não só nos tempos de antanho dominados por homens, mas também para os tempos presentes, onde se continua a aviltar as mulheres, e onde estas apresentam um enorme nível de desconhecimento da sua dignidade e responsabilidade individual e coletiva.
A comunidade tomarense tem uma enorme responsabilidade na preservação e divulgação da sua História e das figuras que tiveram grande influência na formação do Sistema-Mundo, como a Infanta D. Beatriz.
A comunidade tomarense não pode limitar a Celebração do Dia Internacional da Mulher à distribuição de flores no Mercado Municipal, tem de fazer mais, muito mais, tem de saber estar á altura do passado, do presente e do futuro da Humanidade.
Sérgio Martins